domingo, 20 de abril de 2025

Ah, Esse Armário...

O mais curioso desse processo de sair do armário é perceber como escondi de mim mesma o que eu realmente sou. Como eu sou cruel comigo, como eu sou responsável por permanecer longe de mim por medo. Medo de me expressar, de abrir minhas caixinhas, de mostrar o mundo com meus olhos — e descobrir que ninguém quer ver. Medo de me ver e descobrir que eu sou o que sempre ouvi que eu era: medíocre. 

Grandes merdas ser medíocre. Antes medíocre do que calada, apagada, sem brilho. Mas mesmo assim, medo. Medo de aparecer. Medo de ser. Medo de gostar de ser. Medo de não ser o bastante. Medo de não poder ser. Medo, medo, medo! Essa palavra meio que me persegue. É muito mais fácil pra mim ouvir quem diz que eu sou pequena, errada, falha, feia do que ouvir quem fala que sou enorme, perfeita, incrível e linda. Aprender a se amar é aprender a viver sem medo. Sem medo do dia seguinte, sem medo das palavras, sem medo do abandono, do julgamento. Sem medo do espelho. Às vezes eu acho que o espelho é o verdadeiro vilão da história; outras vezes ele é o que nos salva. Nada é constante, linear; tudo tem nuances, a gente também.

Cada dia eu vou me amando um pouquinho mais, tentando entender o que eu gosto, o que eu quero, por que algumas partes são machucadas, entendendo como curar meus pedacinhos, juntar meus caquinhos. Um dia de cada vez, passinho por passinho. 

Hoje tô aqui, soltando meus pensamentos em um teclado, sem pensar muito, só soltando palavra por palavra, pensamento por pensamento. Sei lá se isso vai ficar bom. Eu só sei que é bom esvaziar um pouquinho, devagarinho voltar a ser o que eu sempre fui, sem medo. Quando me inspirei, tava sentada e percebi que as pistas de quem eu sou estão em todos os lugares da minha casa, cantinho por cantinho - as pistas da Regininha que eu sempre procuro estão exatamente nas coisas que eu trago para a minha casa para me dar vida. E, mesmo com tudo ao meu redor todos os dias, eu ainda tenho a pachorra de pensar que não sei me encontrar. É como se a Regininha tivesse deixado pistas ao longo da minha vida, pra eu nunca esquecer o caminho de volta. E perceber isso, trouxe uma alegria enorme pro meu coração, pois percebi que mesmo perdida, não desisti de mim. E no final, eu acho que isso é algo para me orgulhar. 

Como eu disse, sair do armário é um processo curioso. Comecei esse texto falando que me escondi de mim mesma e terminei falando que eu mesma deixei as pistas para me reencontrar no caminho. Tudo é uma questão de perspectiva: às vezes somos nossos algozes, mas também podemos ser nossa maior força. E é por conta dessas nuances que percebo o meu tamanho, vejo a minha evolução e dedicação e, cada dia, eu me apaixono mais e mais por mim mesma.

Quem sabe um dia eu não me peço em casamento? ;)