Essa sociedade capitalista é tensa.
Tudo tem etiqueta, você pode ter o que quiser: aquele sapato lindo, aquela blusinha verde, aquela bolsa preta, uma bunda perfeita, os peitos mais bonitos do mundo... Todos os valores estão perdidos. Tudo é comprável e descartável, principalmente as pessoas.
Sim, principalmente as pessoas. Essa cultura do descartável é absurda. Você conhece uma pessoa, sai com ela, tudo está muito bom, ela te fala coisas lindas que você quer ouvir, o mundo é um mar de rosas e a vida é bela. Até que passa uma bunda maior (ou duas, três, quatro...) e você começa a ser menos interessante, menos engraçada... até que vira um ser inconveniente, sem graça, irritante e é jogada fora.
Sim, descartada como um copinho de plástico de festa de aniversário de criança, que rasgou e só serve para melar a mão de refrigerante. Precisa ser logo substituído.
Não entendo isso, vou passar a vida sem entender e sei que nunca vai mudar. As pessoas vivem e vendem mentiras o tempo todo. Umas porque não sabem ser sinceras, outras realmente acreditam naquela mentira por um tempo e, a grande maioria, simplesmente porque não têm colhão de chegar e falar "aproveita enquanto eu estou aqui. Vai durar pouco".
Esse mundo onde ninguém é insubstituível, único e importante é muito vazio. Me incomoda muito conhecer uma pessoa e não saber se sou parte de um joguinho de conquista barato, ou se realmente estou vivendo algo verdadeiro. Chega a ser patético: as pessoas não têm mais tempo de realmente conhecer aquela que está beijando. Olha, que absurdo! Elas têm as mesmas histórias, os mesmos discursos, as mesmas cantadas e os mesmos pretextos. Tudo é padronizado. Até os perfumes!
Juro que quero acreditar que ainda existem pessoas de verdade, lindas na essência, sinceras e dispostas a ter um bem durável. Como os carros antigos, que eram feitos para durar a vida toda. Os de hoje são só lata.
Os homens têm um ego estranho que eu custo a entender, sabe?
Funciona como um balão que nunca vai estourar, e pode ser inflado
ad
infinutum. Isso contribui muito para que as coisas sejam assim. Claro
que a conquista é muito boa, mas viver de conquistas soa tão vazio. No
final, estão sempre sozinhos, apesar de acompanhados. Claro que os
homens não são os grandes vilões dessa história. Mulheres também
descartam e fazem as mesmas coisas. Mas a grande diferença é que, no
fundo, elas querem um relacionamento. Pensam nisso desde o primeiro
"oi". Vejo isso quando converso com minhas amigas: elas pagam de duronas, mas já estão analisando se o DNA do cara é bom para ter filhos lindos. Juram de pés juntos que não querem nada sério, mas estão cheias de esperança em subir no altar. Só descartam um, quando aparece outro com maior potencial. É uma confusão. Uma palhaçada! Acaba que vira um grande círculo de mentiras e, no final, sempre
tem alguém que sai machucado. Não tem jeito.
Uma coisa que pega muito mal nessa de termos que conviver com a idéia de
que podemos ser descartados, é que pessoas machucadas e cheias de calos
como eu, passam a ter uma "casca de proteção". No meu caso, estou mais
para um porco-espinho. Custo a confiar nas pessoas e, enquanto isso não
acontece, sou fria, seca e racionalizo tudo o que posso vir a sentir.
Com o tempo, passo a confiar e tiro minha casca. Mas, geralmente, quando
me sinto pronta para isso, a pessoa já enjoou e está indo embora. Me
descartando. E perdendo o que de melhor tenho para oferecer. Uma pena.
Ando numa fase de introspecção, precisando me encontrar e, a última coisa que preciso é de alguém para interferir no meu momento de reencontro comigo mesma. Mas, em contrapartida, também sonho em encontrar uma pessoa que me faça bem e que eu possa fazer o mesmo por ela. Não estou procurando, nem penso em rótulos, não gosto deles (conforme já deixei claro aqui:
http://regininhaboynard.blogspot.com.br/2010/06/keep-walking.html). Acredito muito no amor e sou muito otimista. Não digo que quero achar
uma pessoa para casar ou qualquer coisa do gênero, até porque, não sonho
em casar e blá blá blá. Sonho, sim, em ser feliz e encontrar um amor
único e insubstituível para dividir todos os meus sucessos e perrengues. Se ele vai durar anos e anos, não sei. Mas tem que ser de verdade!
É isso. Precisava verbalizar porque essas pessoas que descartam andam me incomodando muito.
Sou verborrágica, mas sou autêntica e sincera com os outros e, principalmente, comigo mesma.