domingo, 20 de abril de 2025

Ah, Esse Armário...

O mais curioso desse processo de sair do armário é perceber como escondi de mim mesma o que eu realmente sou. Como eu sou cruel comigo, como eu sou responsável por permanecer longe de mim por medo. Medo de me expressar, de abrir minhas caixinhas, de mostrar o mundo com meus olhos — e descobrir que ninguém quer ver. Medo de me ver e descobrir que eu sou o que sempre ouvi que eu era: medíocre. 

Grandes merdas ser medíocre. Antes medíocre do que calada, apagada, sem brilho. Mas mesmo assim, medo. Medo de aparecer. Medo de ser. Medo de gostar de ser. Medo de não ser o bastante. Medo de não poder ser. Medo, medo, medo! Essa palavra meio que me persegue. É muito mais fácil pra mim ouvir quem diz que eu sou pequena, errada, falha, feia do que ouvir quem fala que sou enorme, perfeita, incrível e linda. Aprender a se amar é aprender a viver sem medo. Sem medo do dia seguinte, sem medo das palavras, sem medo do abandono, do julgamento. Sem medo do espelho. Às vezes eu acho que o espelho é o verdadeiro vilão da história; outras vezes ele é o que nos salva. Nada é constante, linear; tudo tem nuances, a gente também.

Cada dia eu vou me amando um pouquinho mais, tentando entender o que eu gosto, o que eu quero, por que algumas partes são machucadas, entendendo como curar meus pedacinhos, juntar meus caquinhos. Um dia de cada vez, passinho por passinho. 

Hoje tô aqui, soltando meus pensamentos em um teclado, sem pensar muito, só soltando palavra por palavra, pensamento por pensamento. Sei lá se isso vai ficar bom. Eu só sei que é bom esvaziar um pouquinho, devagarinho voltar a ser o que eu sempre fui, sem medo. Quando me inspirei, tava sentada e percebi que as pistas de quem eu sou estão em todos os lugares da minha casa, cantinho por cantinho - as pistas da Regininha que eu sempre procuro estão exatamente nas coisas que eu trago para a minha casa para me dar vida. E, mesmo com tudo ao meu redor todos os dias, eu ainda tenho a pachorra de pensar que não sei me encontrar. É como se a Regininha tivesse deixado pistas ao longo da minha vida, pra eu nunca esquecer o caminho de volta. E perceber isso, trouxe uma alegria enorme pro meu coração, pois percebi que mesmo perdida, não desisti de mim. E no final, eu acho que isso é algo para me orgulhar. 

Como eu disse, sair do armário é um processo curioso. Comecei esse texto falando que me escondi de mim mesma e terminei falando que eu mesma deixei as pistas para me reencontrar no caminho. Tudo é uma questão de perspectiva: às vezes somos nossos algozes, mas também podemos ser nossa maior força. E é por conta dessas nuances que percebo o meu tamanho, vejo a minha evolução e dedicação e, cada dia, eu me apaixono mais e mais por mim mesma.

Quem sabe um dia eu não me peço em casamento? ;)


quinta-feira, 23 de março de 2023

Looping de Gatilho

É engraçado quando a gente nota como nossos traumas interferem nas nossas atitudes e no nosso comportamento sem sequer percebermos. Um dos meus maiores machucados é o abandono, e ando descobrindo que tenho algumas formas de lidar com ele. Eu começo com a minha imagem, que sempre vou distorcer para mostrar o meu pior para as pessoas, ou pelo menos vou ofuscar o que tenho de melhor. Faço isso por já partir do princípio de que não serei aceita, logo, prefiro ser rejeitada pelo o que NÃO SOU, que pelo o que SOU. 

Como em geral sou amorosa, não consigo demonstrar o que eu sinto dessa forma, na realidade eu fujo para não dar pinta de um possível afeto. Aí o que eu faço? Não falo quando quero falar, não faço muito carinho, não pergunto como o outro está, não escuto o que a pessoa tem para falar, evito saber muito para não me apaixonar... e por aí vai. Mas não faço esse movimento somente por conta dos meus gatilhos, faço também porque a maioria das pessoas também é gatilhada e acaba fugindo quando percebem que a gente gosta. O que me leva de volta para o BO mental do abandono. Olha o looping sem fim de gatilho!

Acontece que esses comportamentos são extremamente tóxicos. Para mim e, principalmente, para o outro. Todo mundo quer ser amado, bem tratado, ninguém se relaciona para não receber algum carinho em troca; relacionamentos afetivos, como o próprio nome diz, são feitos de afetos. E já que é pra tacar a merda no ventilador, eu ainda faço pior que não demonstrar: eu adoro fazer carinho em quem eu gosto, cafuné, beijinho, massagem, denguinho e falo fofurices, porque eu sou assim, na real. Aí quando me afasto, bate a insegurança do abandono e eu já logo me transformo numa pessoa fria. Ou fico evitando ouvir tudo o que a pessoa tem para falar pra não me apaixonar e me machucar quando for abandonada. Mas, nossa, eu confundo demais a cabeça dos outros agindo dessa forma. É óbvio! Ninguém entende o que de fato é essa troca e isso cria uma dissonância cognitiva; quando me tratam assim eu fico toda bagunçada! 

E me dar conta de que eu sou tão tóxica é complexo demais pra mim, já que minha maior filosofia e busca na vida é me tornar um instrumento de amor de Deus, é pra isso que estou desenvolvendo a minha mediunidade. Eu quero poder ser um vetor de amor por aí, adoro cuidar das pessoas e isso é visceral, é genuíno, me faz bem na alma. Cada dia que um amigo me pede ajuda e eu posso ajudar, sinto que meu dia fez sentido. Já são 10 anos me empenhando em não ser alguém que causa dor no outro, e eu me dedico sinceramente a isso, presto atenção de verdade, peço desculpas quando não consigo ser boa e realmente tento consertar. Me cobro demais em relação a isso e, inclusive, vigio para às vezes não errar a mão e esquecer que eu também preciso cuidar de mim. É muito mais fácil cuidar dos outros, do que de mim, devo admitir. Mas isso é outro papo.

O ponto aqui é que não faz o menor sentido ter a minha cabeça e se comportar dessa forma. Não é nem racional, se a gente parar para pensar. Eu me cobro tanto e não percebi esse movimento como algo tóxico, pois sempre pensava que eu não mentia nem iludia ninguém. O que é verdade. Só que não importa muito se eu não prometo nada, mas trato a pessoa com um monte de dengo, aí não procuro depois e sumo sei lá por quanto tempo, aí apareço e sou uma fofa. Olha só que caos! Não posso ser assim, não tem quem ache isso agradável e saudável, porque definitivamente não é!

Não satisfeita em desvendar meus comportamentos, descobri que eu busco relações de abandono, como uma forma de "vencer" o descaso que sempre me machucou. Eu passei por um milhão-quatrocentos-e-cinquenta-e-nove-mil momentos em que me senti desprezada desde muito pequena. Algumas situações envolveram muita violência e sempre a sensação de que eu não merecia ser amada; já que nunca fui acolhida, ninguém me defendeu na maioria das vezes que eu precisei. E, em alguns casos, as pessoas que deveriam me proteger, conseguiam ser piores que a situação em si. 

Sendo assim, é como se eu me interessasse mais por pessoas com maior potencial de abandono; não só porque eu já conheço esse lugar, mas também por querer conquistar o afeto de quem pode me rejeitar. Só que diante do meu comportamento anterior, essa sensação de rejeição é bem provável de acontecer. E aqui coloco "sensação" porque de fato não escolhemos nossos desejos. Apenas desejamos, ou não; então a rejeição não é algo que o outro faz, é simplesmente uma falta de desejo, que o outro não controla, só não sente. Ao pensar assim, não existe essa coisa de rejeição, porque não é uma escolha, e isso já liberta de um monte de gatilho.

Quando eu repito que não quero um relacionamento enquanto não aprender a me amar, não falo de forma leviana, como se fosse um desdém de quem está solteiro fazendo a phyna evoluída. Claro que eu adoro um chamego, é bom demais ter alguém para contar o seu dia, para te dar um colinho e dormir de conchinha, é uma delícia poder ouvir e cuidar de quem faz o mesmo por você. Acontece que para ter isso, é preciso estar curado de um monte de dor, senão as chances de machucar o outro são enormes. E, para além disso, a probabilidade de criar um relacionamento ruim também é grande. Eu ainda não tenho amor próprio para dizer os "nãos" que preciso falar, para me respeitar, para não aceitar determinados tratamentos. Antes de pensar em colocar alguém na minha vida, tenho que ter essa sensação de pertencimento de mim mesma. 

Quando estou namorando, eu sou daquelas namoradas que enchem o boy de chamegos, dengos, café da manhã bonitinho, colinho, massagem, cafunés... sabe o que eu percebi? Que nunca faço essas coisas pra mim, nem sei quando foi a última vez que fiz massagem no meu próprio pé! Nesses dias, comecei a me tratar como eu trato os boys, cheia de mimo! Estou me cuidando mais e com mais carinho; estou fazendo comidinhas bonitinhas e afetuosas; não estou me xingando quando esqueço alguma coisa em algum lugar, ou quando sou estabanada... Estou num movimento de me respeitar mais, de honrar a minha história, me acolher na minha vivência, não me cobrar tanto, me permitir errar, me mostrar sem medo de julgamento. Nossa, difícil demais, mas libertador ao mesmo tempo. 

Estou entendendo cada dia mais o que é essencial pra mim, o que eu busco para a minha vida e o que eu não tolero nela. E é entender isso que faz com que a gente se conheça e se entenda para preencher os espaços que geralmente esperamos que o outro preencha. Mas essa não é uma função do outro; que tem que completar os próprios vazios e não os nossos. 

Acredito que é nesse momento que se é possível construir relações verdadeiramente amorosas. Ao se conhecer, você entende o que busca numa relação e no outro, e se respeita para manter isso de forma efetiva na relação. Quando mais nova, teve um momento que eu buscava me esconder para caber nas relações, para agradar o outro e, assim, não ser abandonada. Isso vem de uns moldes que a sociedade e alguns parentes e parceiros entubam na gente como o que é certo, ou errado, no nosso agir. Hoje, enxergo que esse movimento foi extremamente rude comigo, eu mereço mais. Me diminuir para caber numa gaveta pequena que separaram pra mim é muito pequeno; muito vazio de amor. Esses dias ouvi que o ideal é "não mais tentar ser amado por aquilo que a gente NÃO consegue ser. Mas, sim, tentar ser amado por aquilo que a gente NÃO consegue NÃO SER." E é exatamente isso que venho tentando fazer. 

Um dia eu chego lá, um passinho de cada vez!

domingo, 19 de março de 2023

Capa da Invisibilidade


Hoje vim desabafar, preciso colocar para fora! 
Eu tava num uber com um motorista que achou legal falar que "só tem desempregado porque ninguém quer trabalhar", que "tem muita mulher aí engravidando só pra ganhar o bolsa família" e que "pessoal quer tudo fácil"... Fui falando de boa que tem várias questões políticas, sociais e econômicas aí e tal... Até aí, tudo bem, mais um liberal agindo normalmente, a gente sabe que discutir às vezes não leva a nada.

Até que passamos na frente de um viaduto com algumas pessoas em situação de rua e ele: "Alá, um bando de vagabundo drogado! Oferece trabalho pra eles, não querem! Só querem vida boa! Uma vez um cara veio me pedir dinheiro, aí falei que se ele lavasse meu carro, eu pagava e ele não quis, um encostado! Aposto que queria o dinheiro pra comprar cola. E mais, se você leva ‘essa gente’ (sic) para um abrigo, eles não ficam. Eles querem é ficar na rua, lá eles se drogam e todo mundo dá esmola!"

Isso doeu na minha alma de um jeito, que quando vi tava passando um esporrão no cara, que foi maior que minha boca!

Sinceramente, uma pessoa em situação de rua não está ali porque quer, isso não existe! Todo mundo quer dignidade, teto, comida, banho quente... abrigo pra alma!

Na rua, a pessoa é exposta a tanta vulnerabilidade, que honestamente, se drogar é o mínimo, se entorpecer em alguns casos se faz necessário, senão a gente surta. Ou a gente não bebe uma cervejinha pra relaxar quando o dia foi difícil? Imagina o caos que passa na cabeça de uma pessoa que não pode nem dormir sossegada, porque alguém pode chegar e meter uma pedra na sua cabeça? Que não sabe se vai comer naquele dia, enquanto a barriga dói de fome; que sente frio; que passou e pode, a qualquer momento, passar por qualquer tipo de violência e abuso; que anda na rua como se fosse invisível, como se não existisse, já que as pessoas não querem nem saber deles… Isso porque não tô nem pontuando que cheirar cola engana a fome. E fome é cruel demais!

A gente não sabe a vivência das pessoas, o que as leva a chegar numa situação dessa, mas uma coisa a gente TEM QUE SABER: Não é fácil, é desumano, é injusto, é uma questão de falta de política pública, econômica e social. Não é vontade própria, não é falta de empenho. O cara que vende bala no sinal, não vai sair da rua se passar todos os dias incessantemente fazendo isso. O Silvio Santos não enriqueceu vendendo caneta! Isso é falácia desse discurso hipócrita da meritocracia, pra esse bando de herdeiro rico se sentir melhor quando anda na rua e vê alguém nessa situação.

Se você tem o PRIVILÉGIO de chegar em casa, tomar um banho gostoso e comer uma comida fresquinha com a sua família, você tem mais é que enfiar a viola no saco e agradecer todos os dias por isso. Não tem que ficar apontando o dedo pra quem tá passando perrengue, não! Até porque, quando você aponta um dedo para alguém, voltam mais três para você. E isso fala muito mais da sua relação com trabalho, que sobre o cara que tá pedindo esmola. Provavelmente, esse bosta deve ter noção que na real ele não se esforça como deveria e sabe que podia fazer mais. Mas não faz e fica se vangloriando do seu empenho medíocre, falando que os outros fracassaram.

Quando se nasce privilegiado, numa família estruturada, você não tem direito de apontar o dedo para ninguém. Toda vez que chover, por exemplo, você tem que agradecer porque tem abrigo e cama seca; lembrar que ali fora, na sua esquina, tem alguém que tá tremendo, com frio; e, se possível, ajudar de qualquer forma que estiver ao seu alcance. Não dá para mudar o mundo, mas dá para ajudar quem tá por perto às vezes. Não precisa nem ser sempre! Se não consegue fazer caridade por altruísmo e empatia, é bom começar a fazer. Quem sabe, assim, você não aprende a olhar mais o outro?

E por incrível que possa parecer, consegui falar isso tudo de forma equilibrada, sem elevar meu tom de voz e no final ainda falei que não tava falando isso tudo com raiva, mas, sim, com excesso de amor e compaixão pelo próximo e, também, por ele - que se pensar sobre o que eu falei, pode ter a oportunidade de melhorar enquanto ser humano e fazer alguma coisa que preste dessa existência.
A gente só vem pra cá para aprender a amar. E isso é difícil pra caralho, né?

Por essas e outras, que agradeço tanto aos Exus que me acompanham, que nunca permitiram que eu ouvisse essas coisas sem sentir dor na alma, sem me incomodar. Que me ensinam tanto, todos os dias, inclusive hoje. Nossos guias são pura luz! 

Laroyê, Exu! 

quinta-feira, 16 de março de 2023

Consumismo Afetivo

Desde ontem que estou queimando muito a minha mufa, divagando horrores sobre o tal do amor próprio. 

Mas antes de chegar nessa parte, quero começar pensando aqui sobre o amor em si. 

Eu acho que o mundo anda meio quebrado nesse quesito, sabe? Porque se normaliza o desamor o tempo todo, na nossa cara e nem notamos. Quantas vezes não ouvimos frases péssimas como: "eu só brigo porque eu gosto"; "eu te bati porque te amo"; "ele te xingou porque na verdade gosta de você"? Onde tem amor em "brigar", "bater", "xingar"? O amor não envolve nada disso; ele é o que ele faz! 

Associamos o amor ao oposto do que ele é, nisso, quando estamos em situações que definitivamente não são amorosas, acreditamos que se trata de uma forma de expressar esse sentimento. E quando pegamos esse conceito totalmente cagado de amor e colocamos em prática nos nossos relacionamentos, aí é que tudo desanda mais ainda. Se a gente for ver, a maioria das relações familiares é tóxica e invasiva. Às vezes, o maior atalho para o autoconhecimento e a autoestima, é justamente se afastar da nossa família. Porque as expectativas, as regras, as condições, os acordos que surgem nessas relações geralmente sufocam qualquer um que venha de um lar saudável. Quem vem de família desajustada não pode nem pestanejar: a cura da alma mora nesse afastamento. E é libertador quando você o faz! 

Os relacionamentos afetivos começam sem amor de verdade desde o início, na conquista. Vivemos em uma sociedade capitalista (nunca podemos esquecer disso) com um cardápio enorme de possibilidades amorosas, são muitos os matches que podemos dar por aí. E isso gera uma sensação de que sempre tem algo novo a ser descoberto, que nada é bom o suficiente. Então, cogitar um relacionamento em tempos de "amores líquidos"*, já é um desafio por si só. Quando começa a pintar um clima mais legal, o casal começa a fingir que não gosta. Afinal, não pode mostrar muito interesse, senão o outro não vai ter o que conquistar. Como se a gente se resumisse apenas a instintos de caça e desafios; como se não existissem expectativas para o futuro, sentimentos, a tal da química... 

O ponto aqui é que essas ligações iniciais se tornam cada vez mais frágeis e delicadas, já que não existe fagulha de amor o suficiente para segurar qualquer coisinha maior que possa surgir, porque, na prática, o tempo todo somos bombardeados com matches nesse consumismo afetivo. Já nos relacionamentos oficializados, as pessoas tendem a jogar para o outro a responsabilidade de preencher essas lacunas que a falta de amor deixa. E, vai, é difícil conversar e explicar o que queremos, quando nem a gente sabe o que é bom pra gente. Isso quando as pessoas conversam, porque com o celular, as pessoas quase não fazem mais isso. O que eu acho mais engraçado é que as coisas eram pra ser mais fáceis, já que hoje temos esse aparelhinho nas nossas mãos, o tempo todo, possibilitando encontros, conversas. Mas da mesma forma que é fácil se conectar com alguém, também é fácil se desconectar. E, pra piorar, é tanto tempo na frente de telas, que parece que as pessoas estão perdendo a capacidade de se comunicar com o coração, sabe?

Olhando para tudo isso, fico pensando que é importante demais se conhecer na essência antes de se relacionar com outras pessoas. Precisamos entender o que somos, as coisas que gostamos, como que nos acalmamos, o que faz nossa espinha arrepiar, quando que nossa barriga fica cheia de borboletas e o que a gente escuta que deixa nossas bochechas mais quentinhas. Isso é ir se percebendo. Depois vamos descobrindo as coisas pequenas que nos ferem, os vazios que sentimos, os momentos que nos calamos quando deveríamos ter falado. Começamos a nos impor e a nos respeitar mais; deixamos de permitir os abusos e passamos a deixar claro quando eles acontecem. Devagarinho, vamos nos tornando mais gentis com esse euzinho interno, passamos a ter uma relação mais respeitosa com a gente mesmo, vamos nos tornando mais leves, e é aí que a vida fica melhor, mais simples. 

Se conhecer é lindo demais, é respeitar seus sentimentos, é honrar a sua caminhada, a sua vivência. É se olhar com gentileza e afeto e perceber que você é cheio de qualidades. É não sentir o prazer egóico do "super eu" dizendo que o "eu mesmo" é ruim, feio, errado, esquisito. É ser livre pra ser o que é, e isso é visceral, é salutar! Nesse momento, começamos a aprender - quase que instantaneamente - os momentos de dizer "não", que antes era tão difícil de detectar. Claro, agora você se conhece e se respeita e não vai ser qualquer um que vai tirar casquinha de você! E isso acontece bem de mansinho, você tá vivendo de boa e um dia fala um "não" que nem você sabia que deveria ter falado, mas percebeu que realmente não gostava quando colocavam o garfo no seu prato e que isso não é egoísmo, mas sim respeito pelo seu espaço. Entende? Acontece naturalmente. E quanto mais você vai se conhecendo, se respeitando, mais você percebe que é merecedora de amor, de respeito, de cuidado, de carinho... e você mesma começa a se tratar dessa forma, antes de mais ninguém, você entende como que gosta de ser tratada e vai sendo essa pessoa contigo mesma. É estranho, eu sei! Mas na prática, devagarinho, tá sendo assim, mesmo! 

E você vai levando esse respeito para as suas relações, vai dizer os seus limites para as pessoas que te sufocam, não vai permitir que aquela tia rebaixe o seu nome na sua presença, não vai você mesma tacar o seu nome na lama quando for conhecer uma pessoa, não vai aceitar que invadam o seu espaço e por aí vai. Se conhecer e se amar, realmente se admirar e curtir muito a sua própria companhia, faz você entender o que você ama, o que você não abre mão em você. E aí você vai lapidando como pode ser um relacionamento saudável para os seus padrões, para a sua verdade, quais os seus limites, o que você não pode abrir mão, como você gosta de ser tratada. Você para de aceitar desamor mascarado de carinho, de forma de se expressar... não fica mais justificando "é o jeito dele", ou "era sono", você olha e pensa "foi desrespeitoso e eu não mereço ser tratada assim. Afinal, eu só tratei essa pessoa com carinho." 

Chegar nesse lugar é poderoso demais, ao mesmo tempo que é verdadeiro demais. É no momento que eu me acolho, me escuto, me dou voz, me respeito e me admiro, que eu me amo de verdade, na minha verdade. É um processo longo e árduo, mas que vale muito a pena a caminhada. Eu ainda estou nessa longa estrada do amor próprio, mas acredito que estou conseguindo cortar os matos no meu caminho para encontrar o amor em mim mesma. 

E obvio que agradeço muito aos meus guias, que sempre me aconselham e me ensinam tanto. Eles fazem meu caminhar ser mais leve e amoroso! 

Um dia eu chego lá! 

 



Nota: Sei que repeti muitas vezes a palavra "amor" no texto, e eu até pensei em ir cortando na revisão. Mas não quis, eu acho que a busca pelo amor deve ser cheia de "amor", mesmo!




* Aqui eu tô phyna e cito Bauman, inclusive, indico o livro "Amor Líquido" dele.

terça-feira, 14 de março de 2023

Chutando a Porta do Armário

Terça, 14 de março de 2023 - Rio de Janeiro 

E não é que voltei aqui no dia seguinte? 

Quem sabe isso aqui não está realmente se tornando um diário, no sentido pleno da palavra? É muito cedo para afirmar, mas já fico feliz com o movimento. 

Ando pensando muito nessa coisa de amor-próprio e nesse momento acredito que ele anda bem relacionado ao conceito de primeiramente se aceitar de verdade, na essência. Se amar com suas qualidades e defeitos, apesar de tudo que a vida fez contigo. É aprender a se olhar nas minúcias e se entender; se contemplar. Compreender que tudo que você se tornou, é fruto de anos de caminhada, tropeços, recomeços, mais tropeços, algumas capotadas, um monte de sorrisos, lágrimas, mágoas, arrependimentos, amores... É muita bagagem que carregamos. Muita coisa para assimilar, digerir e aprender a lidar. E nossa, quando a gente se permite se conhecer dessa forma, é realmente um exercício muito profundo, muito difícil em alguns momentos, mas bem bonito. É lindo ir se conhecendo devagarinho. 

Na teoria parece alguma coisa bem simples e trivial, afinal, é só prestar atenção em você mesmo e, bem, a gente fica na própria companhia o tempo todo. Se essa coisa de autoconhecimento fosse fácil, não tinha tanto livro de autoajuda por aí e eu não tava aqui escrevendo esse texto tentando me conhecer e me amar um pouco mais, né? E nem tenho a pretensão aqui de achar alguma resposta lapidada em pedra, sabe? Provavelmente a Regina de amanhã vai ler isso e falar "ih, olha como eu pensava, que bobinha!". E eu acho isso fascinante, pois todo dia estou disposta a aprender e a crescer, afinal, sei lá quantas chances eu vou ter para evoluir, né? Não sei o dia de amanhã, então hoje é mais ou menos por aí. É nisso que acredito. 

Eu ando enxergando esse processo quase como uma saída de armário, visto como um grande "assumir o que sou, como sou, no que acredito, quais os meus valores de verdade" e um grande "foda-se" em relação a todas as castrações que já recebi ao longo dos anos. É muito difícil pra mim me aceitar um pouquinho como eu sou e isso faz com que eu venda uma imagem totalmente distorcida de mim mesma. E é engraçado que eu não minto em momento algum, eu apenas destaco detalhes non gratos e omito tudo o que eu tenho de mais bonito, que mora dentro de mim. Afinal, eu já parto do princípio de que serei rejeitada, já que me vejo como uma pessoa deslocada, errada, torta, incorreta, chata, que incomoda... Como vão me descartar mesmo, eu prefiro que eles descartem essa Regina que eu permito que seja vista. Que já se vê como um lixo, que não se ama. Assim, dói menos, o lixo fica mais acomodado na minha cabeça. E é importante frisar aqui que essa minha versão piorada é como eu realmente me enxergo, não é uma roupa que eu visto de vez em quando. Faz mais sentido acreditar nessa versão, que em qualquer outra, pois é ela que condiz com a lógica, pois é a forma que eu sempre fui tratada. Isso é para mensurar minimamente o tamanho do meu buraco, que foi construído desde criança.  

E é aí que vem, olha como é na infância que a gente se quebra inteiro! Porque eu não nasci assim. Pelo contrário! Quando criança, era muito divertida, espontânea, palhaça, espoleta, criativa, esotérica (muito!), cheia de fé, que acreditava que era sortuda e ganhava tudo que era sorteio, que acreditava que era uma artista e realmente era - afinal arte é algo que vem de dentro. Eu me expressava de mil formas: montando meu próprio palco e atuando, criando os meus programinhas de TV, cantando, dançando, escrevendo tudo o que eu sentia e imaginava, desenhando, pintando... e eu cagava baldes para a opinião dos outros, porque ali eu estava apenas sendo eu mesma, comigo mesma, em família, com meus amigos.

Mas a vida foi acontecendo e comecei a ouvir críticas pesadas em relação a tudo que eu era, que meus comportamentos eram histriônicos, que menina não pode ser tão agitada, que tem que sentar assim, que tem que falar assado, que não era tão inteligente, que o que eu acreditava não existia, que não era bonita, que era medíocre em tudo, que não devia ter nascido, que tudo tava torto, errado, sujo, feio... E fui me escondendo para algumas situações, poucas. Até que um dia aprendi a me esconder de mim mesma até quando sozinha. E eu sabia que estava fazendo isso, e fiquei feliz de ter conseguido me enterrar tão bem, pensando "pronto, agora ninguém mais vai conseguir me ver. Nem eu". E agora lascou: estou tocando a campainha dos meus 35 anos e não faço a mais puta ideia de quem eu sou, tenho procurado, tenho boas pistas, mas não sei "me colocar em prática", "me assumir"... não sei sair do armário! 

E esse movimento de escrever o que eu sinto funciona um pouco pra mim como uma saída de armário sutil. Ao escrever, tenho um ambiente seguro comigo e os meus sentimentos. Devagarinho, vou dissecando uma emoção, vou juntando os pensamentos vagos que passam pela minha cabeça em vários momentos e vou organizando tudo em um texto. Por que, não sei como são as outras cabeças, mas a minha tem um treco engraçado: quando estou digerindo algum assunto, não paro e penso por horas inteiras sobre ele. Em geral, vou pensando o tempo todo, um pouquinho por vez. Aí vou pensando sobre aleatoriedades, quando uma coisa me leva a outra e vou entendendo um treco que aconteceu, e como se manifestou em mim. Daqui a pouco dou uma divagada sobre alguma coisa nada a ver, faço umas coisas práticas e, em seguida, vou concluindo que algo se manifestou de tal forma para que eu aprendesse tal coisa... e assim vai. Quando eu percebo, passa um, dois, três dias e eu fui entendendo cada dia mais alguma situação, até que eu finalizo o processo de digestão, me limpo e sigo adiante. E é aquilo, organizar todos esses pensamentos e ler depois o que eu aprendi com o processo é realmente algo muito terapêutico, além de ser uma forma muito sincera e honesta de me expressar e, de certa forma, me mostrar. E aqui, eu tô nua e crua demais da conta. Uma suruba expõe muito menos!

Sair do armário, em qualquer ato que seja, é uma expressão de amor-próprio muito poderosa. É se assumir na essência, nas qualidades e nos defeitos; é conseguir enxergar o que se tem de bom e mostrar sem medo de crítica, de julgamentos. É erguer a cabeça e agir daquele jeito destrambelhado que todo mundo sempre falou que é errado e se sentir confortável nesse lugar, por que é o seu jeito de ser. Entendo que existem situações específicas que precisamos de maturidade e certos decoros que as convenções sociais nos impõem, mas elas devem ser raras. A gente não pode ficar se podando para caber dentro de uma sala, quando na real a gente é uma árvore. O problema é a sala que não me cabe porque eu sou grande, mas eu sou uma árvore, o que eles querem? Que eu caiba numa porra de uma sala? Não faz sentido algum, sabe? É contra a natureza da árvore! Vai ficar linda castrada numa sala, segundo o arquiteto, mas ela tá ali, podada, sem graça, chocha, no meio da sala, apenas sendo linda, agradando todo mundo, mas deixando de ser o que ela é de verdade: uma árvore grandona! (E sim, é específico e tenho uma árvore na sala. Sou uma castradora de árvores, aparentemente, e só me toquei disso agora. Tóxica!)

Acredito que o grande lance realmente seja esse “se assumir”, que é um puta grito de liberdade. Quanto mais a gente se castra, se prende no armário, finge que não sente, que não machuca, tolera, aceita pra agradar e cuidamos do outro, mas não nos cuidamos; mais a gente se perde de nós mesmos. E no início até toleramos bem esse distanciamento, vamos convivendo com essa casca achando que tá tudo certo. Mas chega um ponto que o coração da gente, de tão vazio, não consegue mais lidar. Começamos a tentar entender o que tá errado, o motivo de não sentirmos mais que estamos vivos. Pelo menos era assim que eu me sentia, podia estar fazendo alguma coisa que eu queria demais, que não sentia prazer algum naquilo. É uma sensação de vazio que derruba qualquer um. 

E foi assim que comecei a buscar o tal do amor, de tanto procurar nos outros, ouvi que nunca vou achar. Já que preciso encontrar em mim, foi em mim que o amor se apagou. Aliás, foi POR MIM que o amor se apagou. E é a máxima, né? Se a gente não se ama, como vamos aceitar que somos merecedores de qualquer forma de amor? É nesse momento que aceitamos qualquer mesquinharia de afeto, qualquer comunicação passivo-agressiva com um carinho depois já conquista a gente. E pelo amor de Deus, que péssimo se dar conta disso, né? 

Então eu sigo aqui, neste momento, tentando sair do armário, tentando me amar como eu sou, tentando regar a minha árvore, colocando ela num jardim bem bonito e deixando crescer. Vai ter gente que vai falar que ela é muito grande, desajustada, desengonçada. Mas também vai ter quem admire os galhos, as folhas, as flores e pode achar que faz uma sombra gostosa. terão passarinhos que podem fazer ninho. Vai ter artista que vai se inspirar e pintar um quadro, sei lá... Só sei que não tem como agradar a todos, mas tem como agradar muita gente, sabe? O importante é aceitar que no final das contas, pelo menos pra mim, preciso ser uma árvore grande e lindona, já que essa é a minha natureza! 

E vamo que vamo, bora chutar essa porta!

segunda-feira, 13 de março de 2023

Ventando Por Aí...

Segunda, 13 de março de 2023 - Rio de Janeiro 

Hoje começo aqui um breve diário.

Não sei ao certo se vou me comprometer a fazer isso de forma literal e realmente diária. Mas sinto muita falta de escrever e expressar meus sentimentos dessa forma. 

Hoje estou vivendo um dos momentos mais bonitos (e complexos) da minha vida; o desenvolver da minha espiritualidade e da minha mediunidade não vem sendo a tarefa mais simples do mundo: são vários sentimentos juntos, misturados com um excesso de emoções que às vezes eu custo a conseguir decifrar, pois elas chegam sem avisar, sem contexto, quase sem educação. Arrombam a porta e vão chegando e eu que lute depois para lidar com a baguça que fica. 

Mas o grande lance é que essa arrumação acaba me ensinando muita coisa. De uns tempos pra cá, tenho aprendido muito na minha solitude, estar sozinha tem me mostrado coisas que nunca nem de longe parei para pensar. E é engraçado que antes eu precisava conversar com alguém para entender algumas coisas que passavam na minha cabeça; e hoje ainda preciso e faço isso. Mas venho conversando cada dia mais com as vozes da minha cabeça, com os meus guias. E eu sei que pode parecer coisa de maluco, mas realmente são conversas muito construtivas que andam me ensinando muito. E eles são muito sábios, chego em conclusões que tenho certeza que não saíram da minha mufa, tamanha a evolução e o desprendimento de alguns melindres que a "vida real" nos obriga a ter. E olha que ainda nem estamos com a conexão alinhada e firmada no 100%, sabe? Porque a minha cabeça e a falta de confiança em mim ainda me atrapalham demais, nossa, mas atrapalham muito. Tem hora que eu mesma duvido da minha mediunidade, se eu não tivesse testado pra ver se sou esquizofrênica, tenho certeza que estaria achando isso agora! 

No momento, ando tentando aprender a me amar mais, já que vim percebendo que pra mim é muito mais fácil amar os outros, que me amar. Mas também, como eu vou conseguir me amar se nunca recebi amor de verdade? Aquele amor do "te bato porque eu te amo" não é real. O amor é o que o amor faz e, definitivamente, o amor não bate, não humilha, não xinga, não abandona, não violenta... O amor é outra coisa. Também fica difícil acreditar que sou merecedora de amor, quando cresci ouvindo que eu não era boa o bastante, que eu era um monstro, que eu não era digna... Enfim, as pessoas fazem com as crianças coisas absurdas, que se fossem com adultos seriam crimes contra a humanidade e o escambau, mas com crianças é válido, é plausível. Não faz sentido, mas falta de amor é pra não fazer sentido, mesmo. E nessa equação aí, também não estou me vitimizando, apenas entendendo a origem da minha falta de amor próprio. Meus pais também não tiveram amor de verdade para eles e, por isso, não o tiveram para me passar. A real é que a gente não aprende o que é o amor, a gente tem é que ir descobrindo ao longo da vida, mesmo. E algumas pessoas tem uns atalhos no caminho, já outras não dão tanta sorte. Eu dei uns azares, mas já tô aqui no caminho certo para aprender e, quem sabe, não consigo ensinar para os meus pais e, se tudo der certo e eu receber essa benção, meus filhos (no plural, ou no singular, só quero ser mãe, mesmo rs)?

Por conta da minha falta de acesso ao amor genuíno, aceito qualquer esmolinha de afeto, qualquer beijinho caloroso já tá me acolhendo um pouco, porque cada dia sinto mais falta de encontrar algum tipo de amor em alguma esquina. E não me refiro apenas a relacionamentos afetivos, mas sim a amor de forma genuína, amor puro e simples. A gente conta nos dedos os momentos honestos de trocas amorosas que temos no nosso dia-a-dia e acaba que, devagarinho, parece que nossa alma vai adoecendo. 

Se tocar disso faz com que a gente fique mais exigente na busca pelo amor, numa palavra torta, a gente já pensa "opa, isso não é amor. É um afeto de leve, no máximo. Mas isso pode me machucar se eu ficar por aqui". E isso é péssimo, porque antes as relações mais vazias e ocas que preenchiam meus vazios e minhas necessidades químicas, fisiológicas e de afeto, não me satisfazem mais. Pelo contrário, antes eu separava muito bem as coisas, hoje, além de não preencherem, ainda me deixam mais vazia depois. E esse vazio faz com que eu me sinta cada vez mais desconectada com esse tal amor próprio que eu ando tentando encontrar. 

E falando em procurar o amor, estou completamente apaixonada, mas com os quatro pneus arriados de verdade. E já saquei, inclusive que o que eu sinto é bem mais que paixão, porque vai além da coisa da química; a admiração já existe, já vi posturas e valores que encaixam com os meus, existe um carisma, um "axé", uma energia na pessoa que, apesar da casca, é linda demais de se ver. E apesar de ver tudo isso e dizer serena que o que eu juntei de informações já dá para considerar que é amor, nesse modelo de amores e relações líquidas, não me aprofundei o suficiente na intimidade com a pessoa para minimamente conferir se todas essas ilusões que a gente cria na paixão são factíveis com a realidade. Eu tenho um "olho" bom para escanear energias e vejo coisas realmente lindas por dentro dessa casca de espinhos, mas enquanto não vejo tudo isso que meu "olho vê" concretizado, pode ser só uma ilusão de olho apaixonado. E olho apaixonado é foda! Ou seja, será que é amor? E mais que isso, será que a pessoa minimamente se interessa por mim? Porque tem isso também, né? Hoje em dia a gente não sabe mais ao certo se as pessoas gostam, ou não, da gente, já que uns infelizes começaram a vender por aí que é, sei lá, conceitual ser blasè pro amor; é bacana demonstrar desinteresse, ninguém mais pode fazer um cafuné sem ser julgado de emocionado. Olha, é cansativo se relacionar em 2023! 

E aí fica aquela coisa: ele gosta de mim e não demonstra; ou ele não gosta e tá agindo normalmente, como alguém que não tem interesse, mesmo? Viver com essa agonia dá umas sensações de abandono diárias, que mesmo que você não queira, sempre existirão enquanto você não senta a raba e conversa com o objeto de adoração, vulgo o ser humano que você tá apaixonada. E, venhamos e convenhamos, estar nesse estado de paixão é uma delícia e é uma merda!

Agora entra o dilema que todo amor líquido em algum momento precisa passar: e aí? Vai conversar e abrir o jogo, ou vai pular fora sem dizer tchau? Vai pagar de emocionada e possivelmente se humilhar se declarando (porque declarações de afeto são consideradas verdadeiras humilhações públicas, enquanto decretar que odeia alguém é socialmente aceitável de boa), ou vai embora sem saber minimanete o que a pessoa sente? E, olha, se eu pudesse escolher, eu nem toparia estar sentindo isso. Já demoro tanto pra me apaixonar, que realmente fui pega distraída. Sabe quando você acha que a pessoa é uma coisa, aí fica tranquila achando que não corre riscos, e quando vê o gato é incrível, interessante, apaixonante e tem um tempero bom de energia de amor (mesmo com uma casca que parece que vem de machucados na alma)? E o pior: até a casca eu entendo, porque já a usei muito no passado, era com ela que eu me fazia de durona paras pessoas me machucarem um pouco menos; até porque não permitia que elas se aproximassem, que nem um porco-espinho. Enfim, mas foi aí que o moço bonito chegou e bagunçou todo o meu esquema. Justo agora que estou em um momento tão complexo que é o desenvolver da minha mediunidade e que tem um fervilhão de sentimentos aqui dentro. São tantas emoções, na boa, que péssimo timing... 

Eu realmente ando achando que nesse dilema, vou acabar saindo à francesa, até porque, não posso correr o risco de me envolver e, por conta das minhas prioridades no momento, acabar machucando alguém, sem querer. Porque sei que não vou poder me doar como um novo relacionamento geralmente exige. Mas, olha, é com tristeza que vou fazer isso. E é aquilo, também, essa é a minha cabeça de hoje, como eu bem sei, amanhã bate um vento e resolvo falar, ou (quem sabe?) a paixão passa... sei lá, minha cabeça venta demais, vamos vendo até onde esses ventos me levam. 

Venta, ventania! 

E por último, e não menos importante: hoje faz 6 meses que estou limpa de remédios psiquiátricos. Estou me sentindo tão bem em estar comigo mesma, sem um bando de remédios interferindo no meu humor e no meu estado de espírito. É bom demais não estar em transe ou dopada, avaliar as coisas com a minha cabeça e o meu coração. Em um outro momento, posso discorrer mais sobre isso, mas hoje é só gratidão!

Bom demais estar limpa, grata demais por isso! <3 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

It's evolution, baby!

Eu acredito que toda regra tem uma exceção.
Por isso não me apego a nenhum fanatismo religioso ou filosófico.

Os dias passam, as ruas mudam, pessoas entram e saem da nossa vida, a cabeça da gente evolui, enfim, a vida dá voltas. Não podemos nos dar o luxo de ficarmos presos o tempo todo na mesma filosofia.

Mudança ideológica não é falta de personalidade, mas reflexo de evolução.
É aquele lance de "ser uma metarmofose ambulante": "ter aquela velha opinião formada sobre tudo" é muito fácil, muito pequeno, muito pouco! Na vida temos que quebrar a cara, arriscar... viver, sabe?

Tem pessoas que passam a vida inteira fazendo suas escolhas em função de uma filosofia de vida e acabam perdendo momentos que poderiam ser perfeitos e pessoas maravilhoas. Ou não, mas como elas vão saber se não viveram?

Na minha humilde opinião, isso é uma covardia tão grande, que chego a ter vontade de sacudir essas pessoas e mostrar que existem mil possibilidades que fazem a vida ser mais colorida e mais apimentada!

Tá, eu sei. Não posso fazer isso. Cada um com o seu momento e a sua evolução. Juro que tento respeitar isso... Mas a vida é muita curta para vivermos o mesmo personagem o tempo todo.